quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A pobreza em Portugal

Os números da pobreza em Portugal são preocupantes. Cerca de 20% dos portugueses vivem ou estão em risco de viver em situação de pobreza (com menos de 360 euros mensais). Estas taxas de risco de pobreza registam-se já depois das transferências sociais, como pensões ou subsídios, porque sem estes, a taxa de pobreza em Portugal cobriria 40% da população. Entre os grupos de risco - mais propícios a caírem em situação de pobreza - estão os idosos e as famílias numerosas. O desemprego, salários de miséria e pensões ainda mais miseráveis, colocam estes grupos em situações francamente difíceis.

Portugal, de entre os 27 países da União Europeia, é um dos nove mais pobres, existindo 1,9 milhões de pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza, na sua maioria no Norte.
A região, mergulhada na falência das fábricas, lidera a pobreza em Portugal com um rendimento per capita expresso em poder de compra idêntico ao dos países de Leste.
4386 euros anuais, no máximo, é o rendimento com que vivem os 1,9 milhões de pessoas em situação de pobreza.
16 891 euros anuais é o rendimento médio de cada português. A média europeia em 2005 foi de 22 400 euros, segundo o Eurostat.



Os baixos salários são um problema grave, que contribui para a pobreza em Portugal. É preciso aumentar os ordenados e democratizar as empresas.

Ordenados baixos, produtos de 1ª necessidade a aumentar=pobreza
Quando se pensa em pobreza, pensa-se em miséria ou nos sem-abrigo. O pobre, na definição adoptada no estudo, é alguém que não consegue satisfazer de forma regular todas as necessidades básicas, assim consideradas numa sociedade como a nossa, logo não são apenas os sem abrigo que são pobres.

Cada vez são mais as familias com um lar e que trabalham que não conseguem satisfazer estas necessidades, no entanto estas pessoas preferem esconder a dar conhecimento às entidades competentes, ou pedir auxílio.

Agora, se aos números apontados pudessemos somar os pobres envergonhados, iriamos ficar pasmados. Sim porque em Portugal para além da classe pobre, média e rica, temos ainda a pobreza envergonhada, para a qual algumas instituições já estão a olhar e a pensar em soluções.

O presidente da União das Misericóridas, Manuel Lemos, diz que conhece bem a pobreza envergonhada, uma realidade que se tornou mais pertinente com a crise que o mundo enfrenta.

O presidente da União das Misericórdias, Manuel Lemos, afirma que conhece bem os casos das pessoas que têm vergonha de expôr a situação de pobreza em que se encontram.

«São pessoas que chegam à cozinha e comem rapidamente, jovens que se viram de costas», realça Manuel Lemos, considerando que há forma de ajudar mesmo aqueles que se escondem.
«Levando comida a casa por um carro que não seja identificado, deixando a comida em sacos normais de supermercado, de modo a chegarmos a elas sem que se apercebam que a misericórdia está a ajudar», adianta Manuel Lemos.
A pobreza está a afectar pessoas que, até há pouco tempo, pertenciam à classe média e que foram também apanhadas pela crise.

Margarida e João Paulo Reis vivem na Charneca da Caparica e constituem uma das famílias que são apoiadas pela Cáritas no distrito de Setúbal. Já começam a endireitar a vida, mas por força do desemprego já tiveram de recorrer aos caixotes do lixo para matar a fome.
O acordar de um dia normal, na Charneca da Caparica, esconde dramas como o de Margarida e João Paulo Reis. Sem trabalho desde o Verão de 2008, a situação dos dois, bateu no fundo, um ano depois em plena crise mundial.
Com as lágrimas mal contidas, Margarida revela que, nessa altura, não havia dinheiro sequer para o pão. Por isso, começou a ir aos caixotes do lixo de um conhecido supermercado.
Antes da Cáritas, Margarida e João Paulo pediram ajuda à paróquia da Charneca e começaram a receber o chamado avio mensal.
Faltavam os bens essenciais, as dívidas acumulavam-se, até que resolveram aproveitar o facto de João Paulo ser uma espécie de homem dos sete ofícios, com uma carrinha antiga, começaram a fazer pequenos biscates.
Só que a carrinha era velha e por causa de problemas vários, Margarida e João Paulo perderam diversos trabalhos em Julho deste ano, mas com a ajuda da cáritas conseguiram comprar uma nova e hoje o negócio vai de vento em popa.
Três meses depois, o negócio já chegou à margem norte do Tejo, mas Margarida e João Paulo ainda precisam de ajuda, sobretudo roupas e móveis para a casa.

São cada vez mais as famílias que, terminadas as férias, recorrem à Cáritas para poder sobreviver. O presidente da instituição sublinha o drama de quem ficou sem trabalho e não tem acesso ao subsídio de desemprego.
O alerta tinha sido dado no final de Agosto e confirma-se que, depois das férias, com o encerramento de mais empresas, aumentou o número de famílias que ficou sem meios de subsistência.
Confrontadas com o desemprego cada vez mais pessoas são obrigadas a recorrer a instituições sociais. Na Cáritas os pedidos de ajuda não páram de aumentar.
O presidente da Cáritas, Eugénia Fonseca, diz que há três tipos de pessoas a pedir ajuda e sublinha o drama de quem não tem acesso ao subsídio de desemprego.
«Está a aumentar a procura nas diferentes cáritas e paróquias, temos três níveis de pessoas nesta situação, que são as pessoas que efectivamente ficaram desempregadas que procuram apoio para encontrar um novo trabalho, as pessoas que apesar de estarem a receber o subsídio de desemprego têm os mesmos encargos e por outro lado temos um drama muito grande os que nem sequer têm acesso ao subsídio», explica.
O presidente da Caritas acrescenta que este é um problema que está a ser vivido em diferentes pontos do país e que já não se limita às primeiras regiões que foram afectadas pela crise económica.
«Começaram por ser o Vale do Ave, o Vale do Tâmega, toda a zona norte do distrito de Aveiro e depois tínhamos sectores de actividade muito fragilizados, os têxteis, os componentes de automóveis, agora está a generalizar-se pelo país», salienta.
Eugénio Fonseca salienta que a «Guarda, Beja, Algarve e Aveiro são zonas muito sensíveis, porque podem não ter em termos de grandes indústrias visibilidade, mas têm tecido de pequenas e médidas empresas», adianta.
Para enfrentar a pobreza envergonhada, a Cáritas vai iniciar ainda este mês a distribuição de vales de refeição.
O presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional afirma que, depois das férias, não houve um aumento significativo do desemprego, mas não prevê melhoras até ao início do próximo ano. Francisco Madelino garante que neste momento a situação está estabilizada.
Francisco Madelino diz ainda que cerca de 70 por cento das pessoas sem trabalho têm acesso ao subsídio de desemprego.

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